Astro vivo, incides em mim
Essa luz tua, inexistente,
Que me faz ver onde certo, o fim,
Me vou encontrar, finalmente.
És tu, signo duma tumba,
Onde irei repouso ter;
Em ti, esperas que sucumba,
Por misericórdia, ter-me aí a perecer.
Vento lá, não sentirei,
Porque o já não sinto passar;
Da chuva, não me abrigarei,
Pois dela já não me sinto molhar;
Das bocas, nada ouvirei,
Pois surdo hoje sou;
E dos abraços? Não os terei,
Pois hoje nem Deus me abraçou.
O tudo de hoje é nada.
Nada! Nada! Nada!
É verdade ultrajada,
É tudo esperança malograda,
Da vida, esta, já findada!
É negra, essa lua
Pois espelha o perecer;
Representação da morte, é sua,
Por do homem, a vida esmorecer.
Ela é dos danados o hino!
Ela é o último destino!
E quando eu, finado,
De terra e pó me cobrir,
Que se não lembre o que hei caminhado,
Pois seja só descanso, meu novo porvir.
Façam-me o epitáfio, somente,
Escrevendo o que vos aprouver,
Dizei-me “louco, poeta, demente,
Homem sentido, que se não soube viver”.
Afirmai que ali não estou, repousando,
Pois o que sonho, não cabe numa cova.
Escrevei que fui até mim, voando,
E que estou sepultado na lua nova.
Sabei que fui, de ir sincero,
E por isso me permiti levitar!
Fui lá, pois o que quero,
Não cabe sequer no meu sonhar.
Fui, por querer a lua nova.
Fui, pois, porque sim.
Fui, porque fui até mim.
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