sexta-feira, 17 de março de 2017

Que chegue a hora!

Oiço no meu sonhar,
Palavras que há muito ouvi.
Vejo no céu azul, ao olhar
Tudo aquilo que em ti vivi.
A luz do dia, assim cinzenta,
Mesmo com o sol brilhando,
Faz da minha vontade mais sedenta,
De ir até ti, caminhando.
Leva-me, protege-me,
Guarda-me, abraça-me!

Olhar só, este o meu
Procurando por ti no nosso lar,
Dá-me a crença desse céu
Para onde te quero falar.
Olho para o alto, esperançoso
Por te ver acenar,
De semblante carinhoso,
Para meu espírito se iluminar.
Sorri-me,
Ampara-me.

Sabes? Tenho em mim frio.
Frio aterrador deste mundo pérfido.
Medo, de todo o coração sombrio
Dos outros, do seu olhar perdido.
Mostraste-me adágio nato,
Daquilo que é a pura bondade.
Não se acostuma, de meu ser, o palato,
De sozinho, ver do mundo a realidade.
Estou eu. Estou só.
Só.

Quero estar mais perto.
Quero subir até aí!
Quero o teu céu, como certo
Para me poder abraçar a ti.
Quero ir para a lua
Para que a distância decresça,
Para sentir mais, a alma tua
Para que meu ser rejuvenesça.
Quero até adormecer,
Neste quarto minguante,
De sua face, a escurecer
Para o pensamento periclitante.
Não temo nada, para te ver;
Tudo suporto para chegar ao teu ser.

Olhar teu, o mais puro,
Abraço teu, o mais seguro.
Preciso muito, preciso
Ainda do teu colo e do sorriso.
Preciso de ti agora,
Mais do que nunca;
Que chegue a hora,
Que chegue a hora!

A tua eternidade
Reside-me na memória,
Craveja-me mais profunda a saudade,
Naquilo que és, na minha história.
Se te for possível,
Vem de novo para aqui,
Ou faz minh’alma invisível
Voar para o pé de ti.


Deste sempre, sempre e sempre eterno, menino do avô.

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