sexta-feira, 29 de junho de 2012

Saída... (Mariano Fonseca)

Uma entrada.
Uma mísera entrada.
Apenas uma entrada.
Uma entrada que se tornou saída.
Um pequeníssimo passo que se tornou uma mesquinha pontapeada para o abismo da lembrança. Uma saída...
Apenas um sítio, apenas uma porta, apenas uma janela, apenas um sala de quatro cantos, tão simples, tão peculiar que os homens não reparam na diferença que ela faz do restante espaço terreno. É apenas uma mera divisão, que não é coberta pela talha dourada nem ostentada com majestosos cortinados de veludo... Apenas uma divisão.
Divisão essa que mudei hoje radicalmente.
Radicalmente.
      Radicalmente.
            Radicalmente.
Não é um espaço vazio nem o poderia tornar nisso, pois as leis naturais da regência do sentimento humano jamais me permitiriam empreender tal coisa.
Cheiros, perfumes, odores, sensações:
        Mesclados.
    Mesclados.
Mesclados.
Tornavam'se profundos, no entanto, quase apagados! Ah! Que carícias me faziam aqueles tecidos magníficos com perfumes saborosos de outrora! Que profundas sensações de moderação infinita! Que cambaleio de sentimento! Que mudança estagnante!
Apenas a purificação do tecido pela água. Apenas a tentativa da remoção extrema de um perfume divinamente eterno. Apenas o sentimento caloroso entranhado nos panos que a mulher lava no Rio Estige.



Mariano Fonseca

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