segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Não sei

Todo eu, o mundo em mim
Profundidade eterna
Luz negra, sem ter fim.
Oh, Tu! Grandiosa caverna
Onde me refugio, pensante
E onde tudo o que sou me invade;
Todo o meu eu errante
Fragilidade, vitalidade, realidade,
Divindade infinita de não ser
O eterno mortal que, ansioso,
Almejo tornar-me. Sou amanhecer
E alvorada noturna, sou dia luminoso
Em penumbra crepuscular.
Sou o renascer do dia a terminar.

Energia insólita
De quem não pode caminhar.
Alma que palpita
No seu ser a definhar.
Sou eu, somente eu;
Um Pessoa mortificado pela dor de pensar.
Medo pelo amanhã não terminar,
Ansiedade pura por ver a vida não parar.

Sou o nada no tudo que é o mundo;
Sou o tudo no nada que não sou.

Moira dos dias findados,
O que me diz o fio?
Serão dias esperados
Ou será Estige o meu rio?
Sabeis quem sou?
Nem eu vos posso dizer.
Sabeis para onde vou?
Não pergunteis, pois não vos saberei responder.

Sei que sou o morrer
No querer viver.
Sou homem a saber
Sem querer me conhecer.
Ser e espírito soturno
Iluminado por sentimental razão,
Esperança estrelada do céu noturno,
Energia lunar de eterna fusão.

Sou a Fénix que Mintaka consentiu,
Réstia de luz da vida que partiu.
Tudo o que fui, aí irei retornar:
“Terra, pulvis, cini, nihil”.
Serei filho da cinza a reavivar?
Serei primogénito da inocência ardil?
Sou todo o ser na escuridão a procurar,
Sou o que na luz não consegue encontrar.


Não sei.

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